Luto na família
Esse é um tema difícil, mas muito importante. Nenhuma família está livre de perder alguém.
Não é raro ouvir pessoas no consultório reclamando que não sabem lidar com a perda ou com o luto.
Aí eu pergunto: Quem sabe? Não recebemos esse tipo de treinamento, e por favor, nem devemos.
Perder alguém importante pra nós, dói. Dói muito, mas muito mesmo. Por quanto tempo? Não sei, ninguém sabe. Cada um tem a sua dor e o seu processo de luto. Por isso nunca exija de você mesmo que a sua dor de luto tenha prazo de validade. Por que não tem! Também nunca exija isso de outra pessoa!! Cada um tem uma forma de sentir e seu tempo.
No consultório escuto filhos que perderam a mãe ou o pai, pais que perderam o filho, eles trazem relatos absurdos que ouviram de familiares mesmo – coisas do tipo: “você precisa chorar, nem parece que esta sentindo uma dor de mãe” – “Sua vida precisa voltar ao normal, o mundo não para pra esperar você se recompor”, “se desfaça de tudo para que se sinta melhor” e por ai vai,…
- Famílias enlutadas
Quando uma família perde alguém, não é pouco comum, que amigos e familiares próximos sugiram que os enlutados procurem por um psicólogo. Sabemos que esse direcionamento está repleto de amor e de boa intenção. Mas é preciso que essa demanda venha da própria família ou do indivíduo. Quanto menos interferência, melhor.
Também é muito comum, amigos próximos ou até membros da família (não nuclear) se doarem para aquela família. Durante um curto período pode ser valiosíssimo, mas é preciso permitir que aquele sistema familiar se reorganize, para que possa voltar a ser funcional sozinho. Se existir muita interferência externa, a família enlutada pode ter ainda mais dificuldade de se reestabelecer, e a pessoa que está sendo solícita e generosa pode se perder de sua própria família, trazendo desfuncionalidade pra si.
Como eu disse, o luto é um processo, onde cada indivíduo tem seu tempo e intensidade, e frequentemente é desigual em cada elemento de um mesmo sistema. Kübler Ross é uma autoridade sobre o luto, e ela pode perceber um processo comum e nos guiou para as 5 fases do luto. Ainda assim, podem haver excessões, pois é um processo muito particular.
Respeitar o luto, pode ser um grande desafio para os amigos! Até por que, eles também estão no luto deles.
Disponibilize o contato de um profissional, mas não os obrigue a ir. Esteja à postos quando for solicitado, mas não faça pelo outro sem que lhe tenham pedido. Seja um bom ouvinte, mas de pouco palpite.